A música é um presente

Um pouquinho do talento musical dos moçambicanos

Em um bar, numa esquina ou num encontro de amigos. Por toda Maputo e nos rincões de uma província de Moçambique. A música está ali, presente como um presente.

Ela chega pelas vozes e tambores dos irmãos moçambicanos. E ela persiste num som que transcende os espaços e o tempo. 

Em “Moz”, é assim. O talento musical grita e sorri. Não precisa de um motivo, não é necessária uma ocasião especial. A música tradicional moçambicana flui como as águas do Rovuma. É fluida e contagiante…

O vídeo abaixo mostra um pouquinho disso:

  

As coloridas capulanas

Oba, estamos de volta

Meu período de experiências em Moçambique se encerrou. Mas o blog não chegou ao fim. Demorei, mas voltei ao “Terras de Moçambique“. Por que? Pergunte para a “saudade”.

Nessa ausência do blog, pude perceber o quanto foi transformadora à experiência de viver em outro continente. Sentir as influências de uma cultura diversa da minha me fez muito bem. Prova disso, é a saudade imensa que estou sentindo, agora. 

Aproveito esse retorno para agradecer a todas as pessoas que me acolheram em Moçambique (principalmente: Felipe, Ngomane, Patrícia, Germaine, Patrick, Mara,  Daniel e Rastas do Intaka). E também para expressar à minha gratidão a todos os leitores do blog, que têm me incentivado a continuar a escrever sobre esse apaixonante, colorido e intrigante país. 

Mapa MoçambiqueÉ sempre um prazer falar ou escrever sobre Moçambique. São terras de uma pátria que, se não nasci em carne, encontrei-me “redescoberto em espírito”. A palavra é paixão. Sou apaixonado por esse país e por tudo o que o envolve a sua gente (digo isso sem medo de errar).

Tenho que confessar a você: fui consumido pela riquíssima cultura de Moçambique. Isso foi ótimo! Ah, e  também me indignei com as dificuldades enfrentadas por sua gente. Isso doeu! Quando paro e penso em tudo que vivi, fica um sentimento de que muita coisa ficou por dizer. Foram apenas sete meses vivendo nessas terras, e o que postei por aqui não é nada. 

Mostrar para vocês um pouco de “Moz”, é relatar o quanto foi válida à minha experiência como estudante de jornalismo por lá. É evidenciar o quanto eu aprendi com os irmãos moçambicanos. É mostrar, de alguma forma, as cores dessa gente guerreira e de sorriso largo. 

Por isso, voltei.  E sem pretensões (apenas movido pela saudade), quero continuar a trazer para você um pouquinho mais desse país. 

O teor do presente post foi escrito ainda quando eu vivia em Moçambique. Talvez tenha me faltado tempo para publicá-lo. Mas nunca é tarde, aqui vai ele… 

Espero que você goste e continue acompanhando.

CAPULANA – uma indumentária típica de Moçambique

capulanas moçambicanas

Quem anda por Maputo, capital de Moçambique, ou viaja pelo país, já viu incontáveis vezes as mulheres por aqui usando esse tipo de tecido, uma tradição cultural moçambicana.

As ruas são pintadas pelas cores das vestes dessas mulheres, que usam a chamada “capulana”. Você já ouviu falar? A capulana de Moçambique se assemelha a uma canga que nós usamos nas praias brasileiras. Só que é um tecido mais grosso e as mulheres daqui as usam no dia a dia.

O pano chega a ser um pouco áspero, se comparado ao das cangas que estamos acostumados. E é exatamente isso que o faz ser tão usado.

Basta dar um nó que fica seguro e vira uma saia. Não há perigo do nó se desfazer e as cores vibrantes chamam a atenção, conferindo à indumentária um charme todo especial.
São realmente lindas: tons coloridos com motivos africanos, formas abstratas, padrões xadrezes, linhas antropomórficas, desenhos zoomórficos e uma variedade infinita de detalhes, que deixam todo mundo admirado com a beleza desses tecidos, principalmente aqueles que vêm de fora e não estão acostumados com essa riqueza de cores.

O tecido é vendido em cortes de 2 metros. Tradicionalmente, as capulanas são de 4 metros e se vende a metade, que serve para as mulheres daqui cobrirem o corpo numa espécie de saia que elas improvisam. Mas há também outras formas de usá-la, como contarei a seguir.

capulanasA tradicional capulana veste todas as classes sociais. Mas quem usa mais são as camadas pobres. Com preços acessíveis, o tecido é comprado pelas “mamás” (maneira respeitosa como os moçambicanos tratam as mulheres mais velhas), e serve para vestí-las, para carregar suas crianças nas costas e sentar no chão.

Nas classes média e alta, a capulana já não é muito usada da maneira tradicional como o moçambicano está acostumado: em forma de saia. Entre elas, a capulana ganha um ar mais descolado. As mulheres fazem calças e blusas do tecido, criam pulseirinhas e colares com o pano, usam bolsas feitas com as estampas das capulanas, e você pode ver até mesmo um “lencinho cult” amarrado no pescoço ou na cintura, que combinam com sandálias e rasteirinhas explorando a versatilidade do produto.

O tecido é utilizado também em ritos de passagem como o batismo e o funeral. Usa-se ainda para decorar a casa, o sofá e a mesa de jantar.

Vejo ainda muitas mamás usando a capulana jogada ao chão com seus produtos à venda. Os homens? Ah, eles também usam. Nas ruas de Maputo vejo muitos com camisas e calças de capulana. Contudo, é a mulher moçambicana que não deixa a tradição de usar as capulanas se perder.

A origem da capulana e o comércio do produto

A versão mais disseminada, segundo vários moçambicanos que conversei, é de que capulana foi trazida da Índia. Abaixo segue um fragmento extraído do site “Moçambique Tradicional”. O recorte traz um pouco mais sobre a origem da capulana.

“A presença indiana é um factor decisivo no desenvolvimento do traje da mulher moçambicana, refere o documento da exposição de Suzette à Festa na Ilha. O mesmo documento diz ainda que mais tarde, em meados do Séc. XIX, no Sul do Save, as transacções comerciais envolviam capulanas ou um jogo completo de dois panos e lenços. O documento faz menção ainda ao povo português, que foi um dos responsáveis por este tecido se espalhar por África.

Sabe-se que várias regiões de Moçambique produziram têxteis. Durante os Séc. XVIII e XIX, os Estados Marave do Norte de Moçambique produziam panos de algodão de cor branca, as machiras que faziam parte do comércio internacional na costa oriental de África. Do Séc. XVIII em diante começa o período de importação de tecido. No princípio do Séc. XX, no litoral de Cabo Delgado as mulheres com possibilidades financeiras, vestiam as capulanas intituladas tuukwe ou succa. A primeira tem cor preta e a segunda, branca.

Os comerciantes vendiam-nas, cortando-as em duas peças de tecido com um comprimento de quatro metros”, refere a mesma fonte. Já no Sul de Moçambique, na região de Delagoa as mulheres com posses vestiam-se com pano azul-escuro sem qualquer padrão. O uso das cores indicava ainda a posição social, rituais e convicções culturais e religiosas. Só a partir de 1920 é que a capulana começa a ser vestida à escala nacional. Dos anos de 1930 em diante, em todo o território moçambicano generalizou-se o uso da capulana”.

Independente da veracidade da sua origem, incrível mesmo é um tecido tão simples ter sobrevivido há séculos”.

Fonte de pesquisa: Moçambique Tradicional.

Hambanine e até o próximo post!

Infâncias perdidas

Cresce o número de crianças que chefiam famílias e que sofrem com a violência de adultos em Moçambique

Amadurecimento precoce, trabalho infantil e orfandade. Menores sujeitos a vários tipos de violência, originada, em muitos casos, pelo desequilíbrio daqueles que deveriam cuidar, educar e garantir a segurança dessas crianças e adolescentes.

Aqui na África esses temas são recorrentes. E Moçambique, infelizmente, vem aumentando o número dessas aterradoras estatísticas.

Na ausência dos pais, ainda muito cedo, os miúdos (como dizem por aqui) assumem a responsabilidade de cuidar dos seus irmãozinhos mais novos. E pelas dificuldades de sobrevivência, milhares perdem alguns direitos essenciais na vida de qualquer criança, como por exemplo, a educação, a alimentação digna, o lazer, as brincadeiras, os cuidados médicos e a proteção contra possíveis formas de exploração de mão de obra infantil.

Por aqui essas questões são mega sensíveis. De acordo com dados revelados recentemente pela UNICEF, existem aproximadamente 20 mil crianças chefiando famílias no país. Outro dado alarmante que apurei junto à Save the Children é que o número de crianças órfãs vítimas de pais com HIV/AIDS tende a crescer em Moçambique, nos próximos anos. Isso significa que o número de chefes de família menores de idade poderá aumentar ainda mais.

De acordo com a instituição, hoje, são aproximadamente 1,8 milhões de crianças órfãs e vulneráveis no país. E agora, pasme: apenas 20 % destas crianças recebem algum tipo de assistência do Estado.

Desnutrição, êxodo escolar e violência gratuita

Os dilemas infantis mencionados até agora são apenas a ponta do iceberg. Há outros problemas sérios que afetam o desenvolvimento saudável da criança por aqui. Um crônico é a questão da desnutrição, uma das principais causas da mortalidade infantil, ainda hoje.

Estatísticas da UNICEF afirmam que esse problema afeta cerca de 44% do total das crianças moçambicanas, lembrando que o país tem quase 50% de sua população formada por crianças e adolescentes.

Outra situação sem um futuro promissor é o êxodo escolar. Atualmente, segundo a instituição, cerca de 200 mil crianças em idade escolar não têm acesso à educação no país.

Infelizmente, é comum em Moçambique vermos crianças que são obrigadas a abandonar os seus estudos para cuidar das “machambas” (hortas de agricultura familiar), ou ainda,  é recorrente presenciarmos as que deixam de estudar devido a casamentos prematuros (mencionei isso em um post anterior).

Outra coisa que não dá para entrar na minha cabeça: apesar da Constituição da República de Moçambique rezar que toda a criança tem direito a um nome e um registro, ainda existem casos de muitas crianças que sequer tem uma carteira de identidade.

E o pior ainda está por vir: estatísticas do Portal do Governo Moçambicano indicam que nos últimos dois anos foram registrados 8.137 casos de violência contra as crianças em todo o país. Outra dura realidade.

Preocupado com a questão, o Governo Moçambicano, mobilizou esforços para tentar amenizar esse tipo de conflito. E o que foi feito (além de um grande marketing político em torno da questão)? Foi criado um número telefônico de denúncias chamado “Linha Fala Criança”. Esse telefone é um mecanismo para averiguar casos de violência contra a criança. Essa iniciativa, conforme fui informado, já está produzindo alguns resultados. É muito pouco? Talvez, mas não deixa ser alguma coisa.

Se você estiver aqui em Moçambique e quiser denunciar maus tratos contra as crianças é só discar 116. A ligação é gratuita.

Conheça, no vídeo abaixo, algumas crianças da Comunidade de Intaka, no bairro de Zimpeto, em Maputo. São lindas e oxalá tenham uma sorte melhor, sempre!

Gostaria de ajudar algumas das crianças moçambicanas em risco social? Há um “Programa de apadrinhamento” muito legal no país. Clique aqui,  saiba mais e colabore.

Hambanine e até o próximo post!

Fontes de pesquisa:

 Portal do Governo de Moçambique

Unicef – Moçambique

Save the Childen – Moçambique

Muodjo – foco no resgate social de jovens e crianças de rua

Conheça uma iniciativa de um moçambicano que tem dado alegrias para alguns menores no país

Em termos de lei de proteção, Moçambique, ainda sente a falta de instrumentos legais que amparem efetivamente as crianças. Não há uma legislação tão vigorosa que cuide dos menores abandonados, dos direitos da criança ou que ainda legisle, de forma eficaz, sobre o trabalho infantil e as práticas criminais juvenis.

Por aqui há uma certa insuficiência de instituições que garantam a assistência regular aos Centros Infantis, que zelam pelas crianças vulneráveis socialmente. Há pouquíssimas instituições públicas e privadas sensíveis à problemática das crianças órfãs e de rua que, assim como no Brasil, ainda sofrem com esse descaso público.

O que se vê por aqui são esforços das Nações Unidas que apoiam projetos voltados às crianças e em raros casos, há parcerias do Governo de Moçambique junto às Associações Filantrópicas locais que vão para frente e dão certo.

Quando o esforço gera resultados

Um caso que merece destaque é a parceria do Governo Moçambicano com a  Associação Cultural Muodjo que,  devidamente apoiada, vem resgatando dezenas de crianças de ruas e “órfãs sociais” de  Maputo, na capital do país.

Há algum tempo conheci um moçambicano que tem trabalhado  a favor de dias melhores para as crianças. Venha, então, conhecer o trabalho dele comigo.

Convidei o fundador da Associação Muodjo para contar ao “Terras de Moçambique” sobre sua história de vida e sobre o trabalho que ele tem desenvolvido. De bom grado, Osvaldo José Lourenço, 32 anos, ex-menino de rua e diretor da Associação Cultural Muodjo, aceitou o convite e agora mostra para você, nos vídeos abaixo, um pouco do seu trabalho.

O centro assistencial

Promover assistência social e desenvolver habilidades nas crianças desfavorecidas, com destaque para as que vivem na rua e órfãs. Potencializar e otimizar a justiça social, a segurança comunitária, a liberdade de expressão e a valorização cultural. Esses são os valores e a missão maior da Associação Cultural Muodjo, que foi criada por Lourenço.

“As crianças desamparadas, particularmente as das ruas de Maputo, em números grandes, têm frequentemente e por iniciativa própria procurado as instalações da Associação Cultural Muodjo, para passar parte do dia. Isso para nós é motivo de orgulho, sinal que estamos a caminhar em estradas boas”, ressalta o fundador da Associação.

Parte considerável dos membros fundadores da Muodjo (lembrando que Lourenço conta com uma equipe de colaboradores) foram direta ou indiretamente crianças soldados (menores que tiveram que lutar na guerra civil vivida por Moçambique: FRELIMO X RENAMO)  e/ou crianças da rua que, em condições adversas, não viveram com suas famílias em função do conflito armado que se estabeleceu por aqui.

Tudo começou em 2006, quando a Força Moçambicana para Investigação de Crimes e Reinserção Social – a FOMICRES,   um dos patronos da Associação Cultural Muodjo, aconselhou a este grupo de jovens mencionados, com destaque para Osvaldo José Lourenço, a institucionalizarem às suas generosidades, criando para tanto, uma associação que se dedicasse às crianças em marginalidade social. E a partir disso, com ações pontuais, a Muodjo foi crescendo e firmando outras parcerias para auxiliar as crianças.

Uma grande conquista da Muodjo, recentemente, foi a parceria firmada com a Mozarte (órgão do Ministério da Juventude e do Desporto do Governo Moçambicano), que, recentemente reestruturada governamentalmente, passou a auxiliar a Associação a tirar jovens da criminalidade em Maputo.

Com noções de artes visuais, informática e educação social, a parceria tem implementado um programa politécnico e vocacional em serviços de carpintaria, olaria, cestaria, educação musical, corte e costura para crianças e jovens em risco social.

“Um foco primário da Mudjo, em parceria com a Mozarte, é reconduzir a reintegração de crianças e jovens desamparados, particularmente para quem vive nas ruas. Junto à Mozarte, as crianças e jovens da nossa Associação têm tido acesso à formação profissional, o que pode vir a calhar no futuro dessas pessoas”, destacou Lourenço.

Assista aos vídeos abaixo e conheça o trabalho da Muodjo. Saiba também sobre a história do moçambicano Lourenço, o membro fundador da instituição.


Quer ajudar a Muodjo? Se gostou da iniciativa de Lourenço e deseja ajudar entre em contato pelo email:
yosvaldoo@yahoo.com.br ou pelo telefone : (+258) 8274-02-080.

Para fnalizar, veja no vídeo abaixo o que pensa um jovem acolhido pelo Muodjo. Ezequiel Majate, deixa para o “Terras de Moçambique” o seu recado.

Espero que tenha gostado. Hambanine e até o próximo post!

As ondas da Rádio Moçambique e o jornalismo no país

Um dos diretores da RM fala sobre a história do veículo e mostra sua visão sobre o alcance do jornalismo no país

Antônio Miguel Npassoa, nasceu em 11 de junho de 1971, em Caia, na província de Sofala. É licenciado em Linguística pela Universidade Eduardo Mondlane.

Durante muitos anos foi jornalista cultural freelancer, tendo publicado vários artigos em importantes veículos impressos do país, os jornais: “Savana” e “Notícias”.

É profissional de rádio desde o final da década de 80. É também professor universitário e consultor. O novo entrevistado do “Terras de Moçambique”, é ainda diretor do Depto de Línguas da Rádio Moçambique – a maior rádio do país. Autor do livro: Serviço Público de Radiodifusão – Desafios do Presente e do Futuro, Ndapassoa, fala sobre a história da rádio pública de Moçambique, explica como o veículo chega a todas as províncias do país, e esclarece como a rádio trabalha com o uso das línguas e dialetos locais  para chegar ao seu público, com um foco permanente no resgate da identidade nacional.

O diretor da RM, aborda também questões como a profissão de jornalismo na África Austral, menciona a diferença entre uma rádio pública e uma rádio estatal, faz um diagnóstico da liberdade de expressão por aqui e levanta a discussão da obrigatoriedade da formação superior em jornalimo, para se exercer a profissão (aqui também vivemos esse dilema do diploma). Já no final da entrevista concedida, o professor menciona ainda as dificuldades dos moçambicanos em ingressar no ensino superior e vislumbra futuros melhores para os jovens.

Clique no vídeo abaixo e saiba mais sobre esses assuntos, que são bastante importantes na vida do moçambicano.

Espero que tenha gostado. Hambanine e até a próximo post!

Futebol em Moçambique – Maxaquene leva a taça nacional

Conheça o clube que sagrou-se pentacampeão moçambicano em 2012 e saiba mais sobre a seleção do país

Os moçambicanos, de um modo geral, gostam de futebol tanto ou mais que nós brasileiros. Isso reparei já na minha chegada aqui. Bastou falar que sou brasileiro que, logo vários deles com os nomes dos nossos jogadores na ponta da língua, se aproximaram e falaram abertamente sobre o “futebol canarinho”.

Muitos aqui têm admiração pelo Corinthians e Flamengo. E mesmo que eu (como um cruzeirense apaixonado) não leve em consideração essa aberração (risos), é sempre bom conversar com os moçambicanos sobre esse esporte tão apaixonante. Isso é muito bacana.

Perceber também o apreço que eles têm por nossa seleção é algo que dá lá no fundo um certo orgulho em ser brasileiro.  Talvez, me faça valorizar um pouco mais nossas conquistas no futebol, apesar da época de vacas magras que atravessamos.

Eles (os moçambicanos) realmente torcem por nossa seleção.  Digo “seleção”, porquê por aqui andei ouvindo  críticas vorazes à “selemano” que segundo alguns, é apenas um amontoado de jogadores com uma estrela solitária (entenda-se Neymar) perdida em meio à bagunça tática do nosso técnico, o Mano Menezes.

De acordo com os moçambicanos, o nosso treinador está com os dias contados à frente do cargo. Oxalá eles tenham razão, porque a Copa está aí pertinho e a camisa canarinho deve voltar a brilhar, principalmente, em nosso território que terá os olhos do mundo voltados sobre ele.  Dito isso, quero falar que já estava pensando em postar algo sobre essa paixão por aqui e agora, apareceu a oportunidade.

O campeão do Moçambola

Ontem, no final da tarde, o Clube de Desportos de Maxaquene, mais conhecido como Maxaquene, sagrou-se no seu campo em Maputo, pentacampeão nacional de futebol. Faltando ainda duas rodadas para o término do Moçambola 2012, o clube já não pode ser mais alcançado. Depois de um jejum de nove anos, o tricolor de Maxaquene conquistou mais um campeonato nacional e o título foi efusivamente comemorado nas ruas de Maputo.

O clube foi fundado em 1920 com o nome de Sporting Clube de Lourenço Marques. O Maxaquene é conhecido por ser o primeiro clube da carreira de Eusébio, um dos maiores jogadores da história da Seleção de Portugal (falo disso a seguir).

Em 1976, com a Independência do Estado de Moçambique, o clube mudou de nome passando a ser chamado de Sporting Clube de Maputo. E dois anos depois, mudou para o nome atual.

Um dos mais tradicionais clubes de Moçambique, o tricolor já levou cinco campeonatos nacionais (contando a conquista do Moçambola de 2012), 9 Taças de Moçambique (equivalente a nossa Copa do Brasil) e inúmeros campeonatos provinciais (entenda estaduais).

O estádio do Maxaquene tem capacidade para 15.000 torcedores e sua torcida em Moçambique é considerada uma das mais apaixonadas.

Veja no vídeo abaixo dois golos (como dizem por aqui) do Maxaquene frente à equipe do Ferroviário de Pemba.

Seleção de Moçambique

Conhecida popularmente por “Os Mambas”, a seleção do país, se falarmos em futebol jogado, ainda está muito aquém do que espera o torcedor moçambicano. Para o desprazer dos mais apaixonados, “os cobras” não tem alcançado muitos sucessos no que vem disputando.

A seleção dos Mambas é apenas a 107º colocada no ranking FIFA. Já no ranking africano de futebol, Moçambique, ocupa o honroso 28º lugar.

Em relação aos adversários do país na classificatória para o Mundial´2014, o Egito que está em sua chave, está na 42º colocação do ranking FIFA e é o favorito a ser o vencedor de seu grupo, que ainda conta com a Guiné e a seleção do Zimbábue.  Infelizmente, segundo os moçambicanos, há poucas chances de vermos sua seleção disputar a Copa no Brasil.

Na história, o jogador mais famoso da seleção de Moçambique foi Chiquinho Conde, que atuou no Sporting de Portugal. Mas o nome mais cultuado pelos moçambicanos (carentes de bons jogadores até hoje) é o de Eusébio, o famoso “pantera negra”, que nasceu no bairro de Mafalala em Maputo, e apesar de nunca ter defendido a seleção de seu país, disputou a Copa do Mundo de 66 por Portugal, encantando o mundo por sua habilidade e vigor físico. Fazendo uma alusão meio tosca, Eusébio para o moçambicano seria o nosso Pelé.

Veja no vídeo abaixo um pouco da história do jogador de Moçambique.

Atuamente, há jogadores moçambicanos atuando em clubes da África do Sul, China e Portugal. Por que não no Brasil? Ah, esse brasileiro que vos escreve gostaria de ver um moçambicano correndo nos gramados brasileiros, viu?! Seria ótimo.

Diretoria do Cruzeiro Esporte Clube, se liga. Há muitos moçambicanos bons de bola, que adorariam vestir o manto celeste. E olha, muitos deles correm e marcam melhor que esses cabeças de bagre que atualmente ganham horrores no Cruzeiro e não honram a camisa azul.

Abaixo seguem dois vídeos da seleção local. O primeiro mostra à paixão dos moçambicanos pelos Mambas. Já o segundo é um vídeo de uma vitória da seleção moçambicana por “penalidades máximas”, onde os donos da casa bateram a Tanzânia por 8 a 7. Essa vitória rendeu aos Mambas a passagem para a última fase eliminatória de acesso ao CAN´2013 (Copa das Nações Africanas).

Fonte de pesquisa: Jornal A Verdade – Moçambique.

Espero que tenha gostado. Hambanine e até o próximo post!

“Gugu me ajude”

Realidade fantasiosa da “TV Brasileira” ganha cada vez mais força em Moçambique

Quem me conhece, principalmente as pessoas mais próximas, sabem que estou produzindo um documentário com inspiração etnográfica numa imersão na Comunidade Rastafári em Moçambique.

Esse “doc” tem sido feito em parceria com o meu amigo Felipe Nascimento, um estudante brasileiro de História que vive em Maputo há quase três anos, e estuda na Universidade Eduardo Mondlane (maior centro de ensino superior de Moçambique). E na produção desse novo trabalho, eu não poderia deixar de mostrar a você as cenas inéditas que presenciei.

Nas últimas duas semanas, além das gravações e do contato com os Rastas (falarei mais disso por aqui em breve), fomos conhecendo também a comunidade vizinha ao Tabernáculo Rastafári, onde estão sendo filmadas as imagens do documentário.

Desse contato com as famílias, crianças e adolescentes de Intaka, captamos também algumas imagens que renderam pérolas muito interessantes do tipo: influência da TV Brasileira em Moçambique, alguns retratos sociais do país, a identidade moçambicana e a cultura africana de um modo geral.

Abaixo seguem dois vídeos que considero muito bacanas. No primeiro apresento para você a adolescente Flávia, que sonha em ser modelo e pede ao  “Programa do Gugu” para ajudar a sua família. Além disso, na conversa despretensiosa do vídeo, fica claro o carinho que os moçambicanos têm com o Brasil.

Seriam as novelas e programas brasileiros que chegam aqui ou a língua portuguesa que nos une responsáveis por essa admiração? Responda por si mesmo (a). A realidade fantasiosa mostrada pelas novelas são boas para o moçambicano? Deixo essas perguntas no ar.

Já no segundo vídeo, Flávia e sua amiga Asule, de maneira simples, mostram a influência das novelas brasileiras por aqui, falam um pouco da identidade cultural da mulher moçambicana e ainda mandam beijinhos para o Brasil. Um vídeo super despretensioso, mas que trouxe um pouquinho da África que “fala português” que agora, você passa a conhecer. Espero que goste!

Os vídeos foram feitos de maneira espontânea. Não houve edições e esse foi o objetivo. Aconteceu como tinha que ser e não poderia deixar de mostrar para você que tem acompanhado o “Terras de Moçambique”.

De forma clara, os dois vídeos desnudam alguns retratos sociais do país e talvez, quem sabe, denuncie também de maneira simples à realidade fantasiosa das novelas brasileiras, que ganham cada vez mais força na vida dos moçambicanos. Fica então, o convite para se pensar sobre.

 

Hambanine e até o próximo post!

Artesanato sedutor

Conheça um espaço de vendas de artesanato e gastronomia na região central de Maputo

Na capital de Moçambique são diversos os locais onde se pode encontrar o artesanato do país.

As ruas estão cheias de gente vendendo nas esquinas, em lojas e nos mercados espalhados pela cidade. Mas se deseja comprar peças genuínas, de qualidade e a um bom preço, a dica fica por conta de um local superagradável, que agora, apresento para você.

Quer encontrar um artesanato fino e de qualidade? Então, o lugar para você conhecer é a Feira de Artesanato, Flores e Gastronomia de Maputo – FEIMA.

Situada numa região nobre da capital, a feira foi inaugurada em 2010, num projeto que envolveu recursos do Conselho Municipal de Maputo e da Cooperação Espanhola.

A FEIMA como é conhecida por aqui, fica no Parque dos Continuadores e funciona de segunda à domingo, das 9h às 18h.

Nesse espaço amplo você encontra artesanato de todas as regiões do país. Além disso, é possível tomar uma cervejinha acompanhada por pratos típicos moçambicanos. O local é conhecido por ter bons restaurantes e por realizar eventos literários, musicais, culturais e gastronômicos.

Na feira, você encontra para comprar todo tipo de esculturas em madeira, principalmente em pau preto e sândalo.

Há ainda peças de decoração para a casa, trabalhos feitos em palha, roupas típicas moçambicanas, camisetas estilizadas, vestidos e bolsas de capulana, artigos e adereços femininos, quadros pintados a óleo e os famosos “batiks” – pinturas multicoloridas feitas em panos.

“Para se fazer o batik é necessário muito trabalho. Usa-se o pincel com tinta, a cera, a fervura do pano e a secagem”, explica José Antônio Cossa, pintor de batiks.

Segundo Cossa, até um batik ficar pronto é um longo processo. “Geralmente, o pano a ser pintado é esticado numa primeira moldura. Depois de esticado na moldura, usam-se outros panos sobrepostos com tinta e cera em cima.  Nesse momento, se quer  acentuar as linhas dos desenhos da primeira moldura.  Nessa parte do processo de criação do batik, usamos cera fundida que deve descer uniforme sobre essa primeira moldura que é a original. Por último, o “gajo” leva o tecido da primeira moldura a ferver em água quente, para remover a cera e mostrar o desenho desejado. Além dessas coisas, o batik deve ser pendurado para secagem. Tudo isso demora dois ou três dias para cada tela”, afirmou Cossa.

Uma outra curiosidade da FEIMA é que lá é o reduto dos “artesãos maconde”, na cidade de Maputo. Você conhece a arte maconde? Esse tipo de trabalho artesanal é conhecido internacionalmente pelas esculturas em madeira. Essa técnica, nascida há séculos na região nordeste de Moçambique e norte da Tanzânia, é feita por mãos afiadas que trabalham na madeira, principalmente no pau preto.  Assista ao vídeo abaixo que mostra “artesãos maconde” criando suas obras.

Com preços justos e peças bem feitas, a FEIMA, desde a sua inauguração, tem sido cada vez mais visitada por turistas. Mas há quem ande descontente com o lugar. Mesmo apoiados por entidades públicas e privadas, muitos vendedores da FEIMA reclamam da falta de clientes, motivo que leva os artesãos a quererem voltar a vender nas ruas de Maputo. Clique aqui e saiba mais.

Espero que tenha gostado! Hambanine e até o próximo post!

Intercâmbio musical entre Brasil e Moçambique

Encontro de banda brazuca e músicos moçambicanos rende bons frutos

A musicalidade da África é algo incrível e tenho tido o prazer de conhecê-la aos poucos. Esse talento musical africano emana de todas as partes.

Qualquer sítio (lugar como dizem por aqui), é pouso certo para vermos alguém cantando ou tocando algo com muita maestria e naturalidade. E a boa música em Moçambique, afinada ao talento de seus músicos, é um traço marcante do país.

Agora, imagine o encontro desses músicos  locais com a artéria musical brasileira, que pulsa talento o tempo todo? É, foi isso o que presenciei e confesso: foi muito legal.

Recentemente, uma banda brasileira do Estado de São Paulo, chamada “Família Gângsters”, se apresentou em Maputo e pude conhecê-los. Eles ficaram hospedados no mesmo backpacker onde eu estava.

Acompanhei-os nos shows que fizeram no Gil Vicente Café Bar: uma casa noturna tradicional da capital de Moçambique, que funciona de terça à sábado, onde sempre tocam músicos de toda a África. É o point da efervescência musical de Maputo, eu diria.

A banda paulista que tem por base a mescla de sonoridades do regaae, ska, rock e ritmos brasileiros, fez dois shows sensacionais na referida casa. Os membros da banda: Pedro Lobo (vocalista e baixo), Felipe Gomide (bateria), e Marcos Mossi (guitarra), contaram ainda com a participação de alguns músicos moçambicanos no decorrer das duas apresentações. Quer saber mais sobre a “Família Gângsters”? Clique aqui.

Com uma proposta super do bem, transmitindo sempre uma mensagem positiva e idealista, a banda, pelo que pude perceber, busca aproximar-se das diferentes tribos da aldeia global num processo batizado por eles próprios de “familiarismo”: nem à esquerda, nem à direita, o lance é seguir em frente.

A palavra “celebrai” foi algo recorrente que ouvi entre os membros da banda. Daí, já dá para ter uma ideia do que buscam esses garotos de São Paulo. A celebração, a música e a transcendência musical.

Além das apresentações no Gil Vicente, a banda gravou em um estúdio de Maputo três músicas com importantes músicos de Moçambique, donos também de muito talento. As faixas viajam pelas mais diferentes influências e estilos e alguns dos convidados cantam em dialetos locais.

Uma das músicas gravadas foi com o rapper  Azagaia, o maior nome da música de protesto em Moçambique. Nessa faixa, conforme informações do site da banda, há uma crítica às novelas brasileiras e à sociedade consumista.

Outra faixa gravada pela banda brasileira foi com a cantora Lenna Bahule. A música tem uma pegada groove e a composição mesclou ainda influências de “tambores sampleados” do candomblé brasileiro.

Já a última faixa gravada ficou por conta do encontro dos paulistas com o cantor e instrumentista Cheny Wa Gone. A faixa evidencia o som da timbila e da mbira, instrumentos tradicionais de Moçambique.

Parte da composição é um mix da voz do vocalista Pedro Lobo cantando em português junto à voz afinadíssima de Cheny, que canta no dialeto chope. Confira no vídeo abaixo o resultado desse encontro.

Quer conhecer as outras faixas gravadas em Moçambique pela “Família Gângsters”? Basta acompanhar a fan page da banda.

Que o exemplo da talentosa banda de São Paulo fique para outros músicos tupiniquins. Acompanhei um pouco desse intercâmbio entre os brasileiros e os moçambicanos e fiquei admirado com o resultado.

Oxalá tenhamos cada vez mais esse tipo de reunião por aqui. E que não só as novelas, os negócios da Vale do Rio Doce e o idioma nos aproximem de Moçambique, mas também as nossas naturais musicalidades. Assista no vídeo abaixo o que os meninos da “Família Gângsters” andaram registrando por aqui. Muito legal.

 Hambanine e até o próximo post!

A cerveja é paixão por aqui também

Conheça as marcas mais famosas consumidas no país

Chegou o dia para falar de coisa séria (risos). Já faz um tempinho que tenho pensado em escrever um post sobre as cervejas moçambicanas. E especialmente hoje, a coragem veio junto dos copos que tomei.

Depois de uma ou duas garrafas ficou bem mais fácil escrever sobre o assunto (risos). Nunca falei que eu não gostava de cerveja. Apologia? Sim, senhoras e senhores. Isso mesmo! (risos)

Pensa que a cerveja é uma paixão exclusiva do Brasil ou dos europeus? Não se engane. Por aqui o culto à cevada é bastante difundido, e o consumo é feito por todas as classes sociais, indistintamente.

“Tás a perceber? Esse povo está a consumir muita cerveja, eh pah”! Logo na minha chegada em Moçambique, em viagem à cidade da Beira, foi o que eu ouvi de um amigo moçambicano que reside em Maputo, mas é natural daquela cidade.

“Gostas de cerveja também? Que “nice”! Vou apresentar para você marcas que estão a fazer a cabeça do moçambicano de norte a sul do país”, afirmou “o gajo”, servindo-me um copo.

Brindamos o gosto pela cerveja e experimentei algumas marcas daqui. Em Moçambique, há cervejas nacionais e se consome também rótulos sulafricanos. Aqui se bebe cerveja tanto ou mais que no Brasil. Tenho que confessar: achei isso bem interessante. (risos)

Há três marcas principais produzidas em larga escala. Todas da mesma cervejaria, a empresa Cervejas de Moçambique. Vamos aos rótulos: temos aqui a Laurentina, a 2M e a Manica, a filha caçula criada nos últimos anos pela fabricante.

As duas primeiras são super tradicionais no país. Para os moçambicanos, talvez tenha um gosto quase nostálgico, pois ambas são comercializadas por aqui desde o tempo colonial. A Laurentina tem esse nome em homenagem à antiga capital de Moçambique no tempo colonial, Lourenço Marques, hoje, chamada Maputo.

Fabricada desde a década de 30, é a mais premiada de todas as cervejas de Moçambique. E as suas variantes: a Clara, a Preta e a Premium já ganharam diversos prêmios internacionais de qualidade. Os últimos foram nos anos de 2008 e 2009, onde as marcas levaram conjuntamente as medalhas “Grande Ouro” no concurso internacional Monde Selection, realizado na Bélgica.

No entanto, não é só de louros que a Laurentina vive. Recentemente, a marca virou foco de uma polêmica. Um anúncio publicitário apelativo e um comentário infeliz por parte de um dirigente do alto escalão da empresa dona da marca, causou inúmeros protestos no país. A foto abaixo ilustra o equívoco da campanha publicitária.

O anúncio já era para lá de polêmico (por criar perspectivas sexistas e racistas), aí o representante da empresa me solta publicamente essa: (…) “usamos a palavra “preta”, porque é como a cerveja é conhecida e a frase da campanha “ficou de boa para melhor”, foi em função do novo formato da garrafa que é “melhor de pegar””. Aí já viu né? O cara tentou consertar e fez uma alusão mega infeliz ao corpo da mulher. Todo mundo caiu matando (e com razão). Veio mídia e parlamentares para cima da empresa.

Assista aos dois vídeos abaixo e veja a saia justa que se meteu a empresa Cervejas de Moçambique, dona da marca Laurentina.

Os protestos não cessaram até a campanha ser interrompida. Quer saber mais sobre isso? Clique aqui

A outra marca de destaque em Moçambique é a 2M. É a mais consumida pela população. O interessante é que o rótulo da cerveja mais bem aceita pelo público, leva a abrevitura do nome do conde Mac-Mahon, alcunha de Marie Edmé Patrice Maurice, que em 1875, decidiu a favor de Portugal numa disputa com a Grã-Bretanha pela posse de parte do sul de Moçambique. Curiosidades à parte, vamos à última marca.

A Manica é também da mesma empresa e levou esse nome em homenagem à província de mesmo nome, na região central do país. Das três cervejas citadas, particularmente, eu gostei mais dessa. Talvez por ser mais encorpada e se assemelhar um pouco à cerveja Itaipava, do Brasil.

As garrafas, os preços e o chopp

Falei das cervejas, mas não mencionei as garrafas que, em Moçambique, são diferentes das do Brasil. Estamos acostumados a vê-las em nosso país  na versão de 660 ml, sendo servidas em copos americanos (muita gente em Belo Horizonte também conhece esse tipo como “lagoinha”). Mas aqui há diferenças. Geralmente, as cervejas em Moçambique são comercializadas em garrafas de 550 ml e são bebidas por uma única pessoa.

Há também versões em long neck como no Brasil. Mas nos “butecões copos sujos” das ruelas do país, o que reina são as “garrafas grandes” (de 550 ml), como se diz por aqui.

Os preços delas são variáveis, de acordo com o local em que você está. Mas em média a “garrafa grande”, de 550 ml, sai por volta de 50 meticais. Em reais é algo próximo de R$3,60.

Os cervejeiros de plantão, a essa altura, já devem estar se perguntando: e o chopp? Ah, aqui tem também, mas com outro nome. Em Moçambique, chamam o nosso conhecido chopp de “pressão”. Um copo de 300 ml sai por 30 meticais, algo em torno de R$ 2,25.

Enfim, quem curte cerveja gosta dela estupidamente gelada, certo? Pois é, salvo em raras exceções, por aqui, infelizmente, essa máxima não se aplica. O calor da África, muitas vezes, não deixa as cervejas locais ganharem aquela “nuvenzinha branca de gelo” como as que vemos nas garrafas brasileiras. Mas para um bom bebedor de cerveja, um “tzzzz” já basta né? Então, com esse sonzinho gostoso do “tzzzz”, abro mais uma garrafa de Manica e termino esse post.

É cientificamente comprovado que a cerveja causa euforia e em casos extremos, saudades. Então, este post fica como uma homenagem aos meus amigos jornalistas especializados na “arte de cervejar” (seus terríveis – risos) e ao Arcângelo Café: a varanda mais charmosa e aconchegante do Edifício Maletta, em Belo Horizonte/MG, onde os etílicos do Centro Universitário Una (alunos e professores) dão o ar de suas graças.

Fontes de pesquisa: “Botecos copos sujos” de Maputo, Catembe e Costa do Sol e ainda adjacências eletrônicas: (risos) Macua Blog e Jornal de Notícias.

Hambanine e até o próximo post! No próximo, prometo não beber antes de escrever. (risos)